Solombra', publicado em 1963 e contemplado com o prêmio Jabuti no ano seguinte, foi o último livro de Cecília Meireles, cuja carreira iniciou-se em 1919 com a publicação de ''Espectros'', sob a marca da leitura de poetas finisseculares, parnasianos e simbolistas. Cecília ficaria ainda associada ao grupo dos escritores católicos do Rio de Janeiro, que foram uma via paralela do modernismo, daquele modernismo mais epidérmico, pândego e belicioso, infantil e otimista do grupo dos poetas de São Paulo. Sua inclusão na constelação modernista foi sempre algo oblíquo e que indica a dificuldade de equacionar sua modernidade, dada numa poesia de formas finíssimas, que fez um técnico exímio como Manuel Bandeira impressionar-se com a sua 'extradiorinária arte'. Neste ensaio, escrito por ocasião do centenário de nascimento da autora, João Adolfo Hansen analisa a poesia saturnida e elegíaca do último livro de Cecília Meireles.