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Código: 9786559001002
Categoria: Poesia
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De todas as flores, a mais encontrada na literatura, a mais cantada, a mais trovada, a mais grafada é a rosa: da rosa que Lúcio, transformado em burro nas Metamorfoses de Apuleio, deve comer para se tornar novamente um homem, a Rosa das rosas de Alfonso X, a Rosa do povo de Drummond. A Rosa de Aiezha contesta rosas anteriores: dedica-se a uma mulher de cem anos. Seu nome Rosa possui uma multiplicidade que chora, decepa, ironiza, expõe. Em toda a obra, o nome das mulheres aparece com a letra capital minúscula, como se fossem meros substantivos, enquanto os homens conservam bem seus nomes próprios na autoridade maiúscula. A mulher na história dos Homens ocupa o lugar do anonimato, do não ser humano: Rosa múltipla se torna um nome geral, um não nome, por mais que tenha uma identidade, como se apenas vidas importantes importassem. Aiezha também joga (e debocha) do científico: rir da ciência opressora, racista e patriarcal — definições de rosa, suas vastas espécies bem classificadas, seus lugares-comuns, rosas que se destacam. Cantar a memória de mulheres permanece um ato oral, como no poema guiado pela expressão “diz que”, marco sonoro, não escrito, perde-se no ar, não fica. O mistério de rastros biográficos está presente: casamentos que não protegem, o sobrenome Pinto (como a rosa, é coisa múltipla: ameaça, poder, linhagem: pode ser decepado, como a flor da roseira), um certo Natal de 88, as coisas que mulheres não dizem por medo, os gritos de pavor, as tradições familiares. A epopeia da rosa termina com o ato de se tornar pedra: apesar da sua imobilidade e aparente falta de subjetividade, a pedra permanece. Poemas de flor escritos em pedra: para ficar, estar, ser livremente.
Laura Cohen Rabelo
Páginas | 80 |
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Data de publicação | 10/10/2022 |
Formato | 14x19,5 |
Largura | 14 |
Comprimento | 19.5 |
Acabamento | Brochura |
Lombada | 0.6 |
Altura | 0.6 |
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