O livro de Fátima Regis consolida um percurso de mais de 15 anos de pesquisa nas áreas de tecnologias de comunicação e cognição. A obra discute os modos como mente, corpo, afeto e objetos técnicos modulam de forma imbricada os processos comunicativos e cognitivos, impactando nossas competências e literacias midiáticas. Um dos aspectos originais deste trabalho está em propor um deslocamento das abordagens sociolinguísticas baseadas em interpretação e circulação de conteúdos para um debate transdisciplinar que considera as modulações sensoriais, afetivas e não conscientes que emergem no acoplamento entre indivíduos, tecnologias e ambientes midiáticos. Para essa visada teórica, a autora traz as contribuições da virada cognitiva e da virada afetiva associando-as aos debates dos campos da comunicação e da cultura digital. A virada cognitiva defende que a mente envolve o ambiente e que os processos cognitivos conscientes sa~o afetados por intensidades “afetivas” e “na~o conscientes” do nosso corpo em constante modulac¸a~o com o ambiente. Já os pensadores da virada afetiva demonstram que o afeto e´ corpóreo e relacional, operando por meio de modulac¸o~es com o ambiente material e social. Os pesquisadores da autonomia do afeto permitem entender como ocorrem as modulac¸o~es das intensidades afetivas nas vinculac¸o~es com as mi´dias. Com isso, além de cobrir lacunas teóricas e empíricas sobre os processos cognitivos e afetivos nos campos da Comunicação e da Educação, o livro traz também importantes contribuições para o entendimento das lógicas e dinâmicas de fenômenos atuais, como a desinformação e a disseminação das fake news nas mídias digitais.