Neste livro inquietante, Leandro Bessa não pergunta o que é Diadorim ou quem é Diadorim. Tampouco faz a historiografia de Diadorim. Não faz diagnósticos de Diadorim. Não faz a linha do tempo de Diadorim. Não faz o retrato de Diadorim. Não faz o raio X de Diadorim. Não contabiliza o vocabulário de Diadorim. Não traça a curva das peripécias de Diadorim. Não entrevista Diadorim. Não autopsia Diadorim. Não analisa Diadorim. Não critica Diadorim. Não problematiza Diadorim. O que o autor faz então? Especulo: Coloca-se diante não de Diadorim, mas de suas aparições. E nada pergunta. Contempla. Deixa-se atravessar pelas aparições. Enquanto isso, escreve sobre esse atravessamento. Por isso, trata-se aqui de ousada investigação estética e fenomenológica. Mas, para além de um rótulo filosófico, lembremos que esse tipo de contemplação também foi o método de Walter Benjamin em seu estudo sobre a origem do drama barroco alemão. Lá, ele compara a contemplação ao mosaico, pois ambos, diz Benjamin, ao justaporem elementos isolados e heterogêneos, manifestam com grande força a transcendência tanto da imagem quanto da verdade. O livro traz elementos que nos conduzem por esses caminhos de desorientação para chegar, enfim, à inédita hipótese de Diadorim transgênero, portanto “lusfús” não somente de uma estória individual, mas sim a alegoria que abarca a promessa de uma travessia vertiginosa — sertão-finisterra.